Ex.mo Senhor presidente da Assembleia da República, Prof. Doutor Augusto Santos Silva, Excelência
Ex.mo Senhor presidente da Câmara Municipal da Guarda, Eng. Sérgio Costa, e na sua pessoa todos os autarcas presentes
Ex.mo Senhor Presidente do Conselho Geral do Instituto Politécnico da Guarda, Dr. Carlos Martins, e na sua pessoa todos os conselheiros
Ex.mos Senhores Deputados Eng.º António Monteirinho, Dr. João Prata e Dra. Cristina Sousa
Ex.mo Senhor Reitor da Universidade da Beira Interior, Prof. Dr. Mário Raposo. Já somos membros de pleno direito na mesma rede UNITA – Universidade europeia, graças ao convite que nos dirigiu, há 2 anos, para que o IPG também a integrasse, e ao trabalho que entretanto temos desenvolvido. Estamos-lhe muito gratos.
Ex.mo Senhor Vice-Presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Prof. Dr. Jorge Conde, em representação da Senhora Presidente, e na sua pessoa todos os representantes dos Institutos Politécnicos e das Escolas não integradas.
Ex.ma Senhora Administradora do IPG
Ex.mos Senhores Vice-Presidentes
Ex.mas Direções das Escolas e dos demais órgãos de gestão das mesmas.
Ex.mas autoridades Académicas, Civis, Militares e Religiosas
Ex.ma Senhora presidente da Associação Académica da Guarda, Beatriz Silva,
Ex.ma Senhora Provedora do estudante, Prof. Dra. Odília Cavaco
Ex.mo Senhor Presidente da Comissão de Ética, Dr. Manuel Nabais
Caros professores, investigadores, funcionários e estudantes,
Ilustres convidados
Minhas senhoras e meus senhores,
Assinalamos este “Dia do IPG” de 2024 com a participação de ilustres convidados, que muito nos honram com a sua presença nesta celebração dos 44 anos da nossa instituição.
Quero agradecer-lhes a atenção e o interesse que dedicam ao Instituto Politécnico da Guarda e à sua missão de qualificar sucessivas gerações de estudantes e de ser um agente indutor de desenvolvimento nesta região, no país e na Lusofonia.
Vivemos hoje em Portugal um momento histórico delicado para o ensino superior, um período de grande sensibilidade para as cidades e territórios do Interior,
e – por estas e por outras razões – vivemos, também, um momento verdadeiramente melindroso para o país.
Quase cinquenta anos depois do 25 de Abril, devíamos estar concentrados em celebrar festivamente cinco décadas de liberdade, cinquenta anos de vida democrática, de Estado de Direito e de regime parlamentar pluripartidário, que fez este país dar saltos sucessivos de desenvolvimento social, económico e cultural.
No entanto, em vez de ansiarmos pelos festejos e celebrações, vivemos nestes dias um inverno de diversas inquietações, marcado por uma sensação generalizada de Preocupação.
Preocupação por a legislatura que era suposto durar até 2026 ter sido interrompida – e por vivermos, hoje, um ambiente de pré-campanha eleitoral muito mais extremado e agressivo que o desejável.
Preocupação porque assistimos, em Portugal, à mesma vaga de populismo que tem vindo a atingir outros países.
Perante problemas complexos, os populistas manipulam as emoções, usam a demagogia, prometem soluções impossíveis, anulam as diferenças entre o que é verdade e o que é mentira.
Ora, nada faz pior às comunidades do que ver a ansiedade de mulheres e de homens, de jovens e de velhos, serem instrumentalizadas por “fake news” e por realidades alternativas.
Ao bombardearem a população com informação que não corresponde à verdade, ao tratarem trabalhadores, estudantes ou pensionistas como pessoas incapazes de perceberem o logro intrínseco das suas promessas, os líderes populistas desprezam e depreciam precisamente os mais fracos e os marginalizados – utilizando-os para chegarem ao poder.
Ora, é nesta situação em que os discursos populistas envenenam o debate político em todos os contextos em que aparecem, que a Academia em geral – e o Politécnico da Guarda em particular – têm uma palavra a dizer e um papel a desempenhar na sociedade que os rodeia e na sua região.
Essa palavra que o Politécnico da Guarda tem a dar é “conhecimento”!
Quem diz conhecimento, diz “ciência”, “saber”, “estudo”, “capacitação”, ou seja: apurar o sentido crítico e basear as perceções, o discurso, as propostas e as ações em evidências!
Faz parte da nossa missão manter os debates – sejam eles sobre ciência, sejam sobre política – dentro dos limites da razão!
“Dentro dos limites da razão” – é esta a missão principal de qualquer instituição de ensino superior: qualificar a sua comunidade académica, os seus parceiros na sociedade e os seus “alumni” para manterem os seus discursos, as suas atividades, as suas práticas sociais e políticas dentro dos limites da razão!
O conhecimento – tal como o aperfeiçoamento e o “aggiornamento” dos mecanismos de participação democrática – são a chave para construção do desenvolvimento e da sustentabilidade da sociedade do futuro que estamos hoje a construir.
As atividades de ensino, de investigação e de transferência de conhecimento para a sociedade e para o tecido económico que são próprias do ensino superior, funcionam como estímulos para o equilíbrio, para a sustentabilidade, para a moderação, para o consenso e para o compromisso.
Permitam-me chamar a atenção para um exemplo da atuação do Politécnico da Guarda nesta matéria, com o “NEWAVES”, um programa da Europa Criativa, que o IPG lidera.
Este projeto é uma parceria entre instituições de ensino superior de vários países e os média – em particular as rádios – para promover competências digitais em territórios de baixa densidade populacional e combater a desinformação.
A forma própria de funcionar da Academia – que é feita com base em evidências e na análise crítica dos pares! – é e será sempre um bom contributo para a implementação de reformas, que irão melhorar as comunidades de forma transversal e inclusiva.
Desta forma, ao propor estratégias de mudança politicamente informadas e adequadas aos recursos existentes para as concretizar, o conhecimento, a boa informação, a formação académica e a qualificação da população, serão instrumentos imprescindíveis para as democracias do século XXI poderem erguer barreiras competentes, e tolerantes, às ameaças populistas.
Senhor presidente da Assembleia da República,
Minhas senhoras e meus senhores,
A poucos dias do cinquentenário do 25 de Abril, é importante lembrar o papel e a missão do ensino superior para construir e manter saudáveis e em desenvolvimento, sociedade abertas, progressistas, informadas, inclusivas, livres e democráticas!
Por isso, é muito importante reclamar por melhores condições para que o ensino superior possa desempenhar cabalmente os seus papéis e missões, nomeadamente o de formar e de qualificar recursos humanos nas suas áreas de influência.
Isto, que é fundamental para as instituições de ensino superior em qualquer lugar onde se encontrem, é, sobretudo importante para aquelas que se situam em território transfronteiriço, como é o caso do Politécnico da Guarda!
As instituições de ensino superior, em particular as que se situam fora dos grandes centros, têm promovido a coesão territorial e o desenvolvimento das regiões, e do país, ao longo de 50 anos de regime democrático.
A capacidade de resposta destas instituições às necessidades das respetivas regiões, e aos desafios do território em que estão inseridas, tem sido um contributo valiosíssimo para que as respetivas comunidades e tecidos económico e social sejam hoje mais viáveis e competitivos.
O papel da rede de ensino superior na transformação de Portugal, desde o 25 de Abril, tem sido notável!
E, na região da Guarda, o IPG bem se pode orgulhar do seu trabalho e do seu contributo para isso!
Escrevi há dias num jornal nacional que instituições como o Politécnico da Guarda se tornaram, não só símbolos identitários das respetivas cidades e territórios, mas, também, as suas principais fontes de atração de jovens, de fixação de população qualificada e de ligação ao tecido empresarial, às instituições sociais e aos produtores de cultura.
Se há uma boa relação preço-qualidade na utilização do dinheiro público neste país, é cada euro que o Orçamento do Estado transfere para o IPG e para instituições similares: nenhuma outra instituição cumpriria com tão baixo custo e eficiência a missão de qualificar esta população e contribuir para a valorização deste território!
Não há – não existe! – melhor política de coesão nacional e de desenvolvimento do Interior do que o ensino superior!
Sendo assim, resulta totalmente incompreensível as limitações que o Governo cessante está a colocar a uma instituição como o Politécnico da Guarda.
Destaco duas, para não me alongar:
- A primeira é uma nova residência estudantil, para que a Guarda possa reter todos os estudantes de fora que concorrem aos nossos cursos, e que não concretizam as suas colocações em matrículas, devido à dificuldade de encontrarem alojamento compatível a preços acessíveis;
Vamos apresentar uma nova candidatura a essa residência, esperando que esta não enfrente agora os mesmos obstáculos burocráticos com que a primeira se confrontou…
- A segunda limitação que quero destacar, são os obstáculos levantados – de forma totalmente cega – à matrícula de alunos estrangeiros que, até ao presente ano letivo, podiam ir aos 30% além do número total de vagas.
Ora, se há lugar em que os estudantes estrangeiros são precisos é precisamente aqui, no território de montanha, interior e transfronteiriço, altamente envelhecido, como é este distrito!
Os alunos estrangeiros, de várias geografias, não só vivificam esta comunidade e esta cidade durante os seus estudos, a cidade de Seia e aquelas onde descentralizamos formação, como são moradores potenciais – devidamente qualificados com CTeSP’s, licenciaturas e formação pós-graduada – para se fixarem nesta região.
Reitero, por isso, o meu apelo, agora dirigido ao próximo Governo: Acabem com as atuais limitações à matrícula dos candidatos estrangeiros!
Não há melhor Política de Imigração do que atrair alunos de outros países – sobretudo da Lusofonia, mas também da Ásia e das Américas – para o ensino superior português situado nestas regiões de baixa densidade demográfica!
Minhas senhoras e meus senhores,
Caros colegas, estudantes e funcionários,
Excelências!
Os 50 anos do 25 de Abril, e os anos que se seguem, vão ter de reforçar as principais fontes de inovação, de atração de investimento e de fixação de população nas regiões do Interior de Portugal!
As instituições de ensino superior no Interior têm de ser estimadas, alavancadas, promovidas – não só para o bem das regiões onde se situam, mas para o Bem Comum de todo o país!
Para que possam servir o bem comum nacional, e puxar pelas suas regiões, as instituições de ensino superior têm de possuir condições reais – nomeadamente ao nível do seu financiamento – para prosseguirem a sua missão.
Um Portugal estruturado pelo ensino superior será um país melhor, mais competitivo, com mais riqueza e melhores salários, com mais desenvolvimento, mais coesão, mais equilíbrio interno, mais solidariedade, mais democracia e mais liberdade!
O Politécnico da Guarda está a fazer muito, e fará ainda mais!, para ser um protagonista ativo desta excelente missão que é qualificar e desenvolver Portugal!
Muito obrigado!
Joaquim Brigas
Presidente do Politécnico da Guarda