Valorização sustentável das plantas endógenas do Parque Natural da Serra da Estrela para aplicações na indústria farmacêutica.
Plantas, usadas na medicina tradicional através de variadas formas de apresentação, desde o consumo direto ou de extratos. Os produtos medicinais à base de plantas representam 80% da fonte dos medicamentos. Nos últimos anos, as plantas com propriedades medicinais têm sido alvo de extensa investigação científica, tendo em vista a sua valorização comercial, principalmente no desenvolvimento de novas formulações farmacêuticas bioativas. Os suplementos alimentares à base de plantas têm apresentado uma crescente procura e aceitação por parte dos consumidores, associados a um estilo de vida saudável e à sua riqueza em compostos bioativos com efeitos benéficos para a saúde.
Entre as plantas medicinais, nomeadamente algumas espécies endémicas, podem ser utilizadas para a obtenção de matéria-prima para preparações contendo fitoquímicos com elevada atividade biológica e consequente benefício para a saúde. As plantas do PNSE constituem uma fonte biológica de metabolitos naturais, que são bio-sintetizados em resposta ao stress biótico e abiótico para sobreviverem a condições extremas, tais como variações excessivas de temperatura, stress hídrico, raios ultravioleta, etc. Apesar do seu potencial bioativo, a flora, em especial as espécies arbustivas que compõem grande percentagem do coberto vegetal do PNSE, representa um recurso praticamente inexplorado nesta área.
A carqueja (Pterospartum tridentatum), esteva (Cistus ladanifer), cardo (Cynara cardunculus), sabugueiro (Sambucus nigra) e o zimbro (Juniperus communis), são plantas que fazem parte da flora do PNSE, e que apresentam propriedades antidiabéticas. No PNSE poderemos encontrar ainda algumas plantas perenes mediterrânicas, tais como a azinheira (Quercus rotundifolia), sobreiro (Quercus suber), carvalho-alvarinho (Quercus robur) e carvalho-negral (Quercus pyrenaica), espécies produtoras de bolota que são utilizadas essencialmente para a alimentação dos animais. As bolotas são ricas em polímeros que poderão ser utilizados na indústria farmacêutica como excipiente. Outra fonte polimérica natural não explorada é a própolis (cola de abelha), consiste numa resina fortemente adesiva produzida pelas abelhas. Tem uma composição química complexa, composta por gomas, resinas, cera de abelha, compostos voláteis, substâncias fenólicas e impurezas. A própolis apresenta uma elevada atividade biológica (p.e. antimicrobiana, fungicida, antiviral, antiúlcera, imunoestimulante, hipotensora, anti-inflamatória, antioxidante e citostática).