É necessário apostar na formação para “antecipar recursos” qualificados para trabalharem nos portos e em plataformas logísticas, defendeu Eduardo Feio, presidente da Administração do Porto de Aveiro e do Porto da Figueira da Foz. No seminário “Ensino, Georreferenciação e Automação no Território”, o gestor portuário salientou o importante papel que o Instituto Politécnico da Guarda – IPG tem desempenhado ao formar e ao recapacitar quadros especializados em logística para o futuro Porto Seco da Guarda.
O painel “Portos Secos: Digitalização, Automação e Oportunidades Pós-Covid”, realizado a 19 de maio no Politécnico da Guarda, contou com as intervenções de Pablo Hoya, gerente da Zaldesa – entidade responsável pela Plataforma Logística-Intermodal de Salamanca – e Vasco Silva, da Administração do Porto de Douro Leixões e Viana do Castelo – APDL. Em cima da mesa esteve o Porto Seco previsto para a Guarda, uma infraestrutura localizada na Guarda-Gare onde poderão passar a ser despachadas ou levantadas mercadorias com as mesmas facilidades logísticas, alfandegárias e fiscais oferecidas nos portos do litoral.
“Herdámos o Terminal Ferroviário de Mercadorias da Guarda, temos de o otimizar e de começar a trabalhar para podermos ter carga”, afirmou Vasco Silva, revelando que o terminal iniciará a sua operação no início de 2024 e que só depois disso será possível transformá-lo no futuro Porto Seco. Depois de o Estado ter passado para a APDL a gestão do Terminal Ferroviário da Guarda no início de 2022, Vasco Silva explicou que, neste momento, as infraestruturas servem de estaleiros da Infraestruturas de Portugal devido às obras da linha da Beira Alta.
O responsável pelo Negócio dos Terminais Ferroviários de Mercadorias na APDL referiu que a Guarda tem uma localização privilegiada para a instalação do primeiro porto seco do país devido à sua proximidade com Espanha. As acessibilidades rodoviárias e ferroviárias – dada as localizações da A23, da A25 e das linhas da Beira Alta e da Beira Baixa – foram outras das vantagens apresentadas.
Pablo Hoya apresentou o projeto do Porto Seco de Salamanca, garantindo que reconhece o mesmo potencial ao Porto Seco da Guarda: “Quando abordámos o projeto do Porto Seco de Salamanca vimos uma oportunidade porque o corredor Atlântico [o canal de mercadorias dos portos peninsulares para a Europa além Pirinéus] passa por ali, temos rodovia, ferrovia e infraestruturas”, afirmou o gestor espanhol. “Na Guarda, na minha opinião, é a mesma coisa”. Pablo Hoya defendeu a importância de Portugal e Espanha investirem na ferrovia: “Este é o futuro do setor logístico na Península Ibérica”, concluiu.