A terceira edição da Conferência Internacional de Cibersegurança decorreu este mês no Instituto Politécnico da Guarda – IPG e foi pautada por discursos que debateram a proteção que as empresas devem ter contra ciberataques, a segurança dos dados pessoais de clientes e outras dimensões da área. Contou com a presença de académicos portugueses e estrangeiros, militares, membros do Supremo Tribunal de Justiça e do Centro Nacional de Cibersegurança.
A sessão foi aberta pelo presidente Joaquim Brigas, numa intervenção que destacou que em “sociedades modernas cada vez mais interligadas” a cibersegurança é de extrema importância. O presidente realçou a produção científica do IPG na área, como o primeiro CTeSP do país na área da cibersegurança e as parcerias com as multinacionais NOESIS e a gigante norte-americana FORTINET.
António Gameiro Marques, diretor-geral do Gabinete Nacional de Segurança, salientou a importância da cibersegurança para as empresas, cuja preparação para ciberataques ainda revela assimetrias, uma vez que existem empresas que conseguem recuperar a informação perdida num período de tempo “aceitável”, mas outras perdem uma grande quantidade de dados. O orador sugeriu uma política pública comum na área para resolver o problema.
O professor espanhol Jesús Martínez Martínez da universidade de Múrcia, em Espanha, serviu de ponte num apelo à colaboração entre países, mencionando o projeto colaborativo Metared que reúne investigadores da cibersegurança de instituições de ensino em Portugal, Espanha, México, Perú, Chile, Colômbia, Brasil e Argentina.
O professor de física Rui Perdigão realçou a importância da tecnologia Quântica nos desenvolvimentos mais recentes na cibersegurança, e João Pinto abordou o Regulamento Europeu de Proteção de Dados – RGPD, estabelecendo uma ligação entre esta diretiva europeia e as leis que já existiam em Portugal, o “primeiro país no mundo a consagrar a proteção de dados e a privacidade na Constituição, em 1976”, como afirmou.
Na segunda parte da conferência, os professores Paulo Nunes e Vítor Lobo, do IPG e do Instituto Universitário Militar, abordaram as vulnerabilidades de equipamentos no software e no hardware, respetivamente. José Alegria, chefe de Segurança Informática na Altice Portugal, mencionou a prevenção ativa, uma prática seguida nesta empresa e que se centra em medidas de prevenção de riscos profissionais ligadas ao comportamento dos trabalhadores.
Nas últimas sessões, tomaram a palavra Daniel Ferreira, Ofélia Malheiros e Miguel Azevedo, da Fortinet, SECURNET e NOESIS, respetivamente. A proteção ativa e as transformações no mundo que a cibersegurança deve acompanhar, num mundo pós-pandemia que alterou radicalmente as cadeias de fornecimento, foram destacadas. Foi também assinado o protocolo de parceria entre o IPG e a SECURNET, que vai criar um centro de competências no politécnico.
A conferência foi encerrada pela diretora da Escola Superior de Tecnologia da Guarda, Ana Margarida Fonseca. Depois de agradecer aos presentes e aos oradores, Ana Margarida Fonseca sublinhou a importância dos alunos, e que o papel da escola e dos docentes passa também por saber aproximá-los do mercado de trabalho.
A cibersegurança tem sido uma prioridade para o IPG, que este ano já acolheu formações do Centro Nacional de Cibersegurança e está a desenvolver um projeto para salvaguardar a proteção de dados pessoais e a segurança da informação na Internet, o “Cyber & Data Protection IP”.